O verdadeiro custo das despesas

O verdadeiro custo das despesas

Quando comecei a minha jornada em busca da independência financeira, a primeira coisa que tive que fazer foi descobrir quanto estava a ganhar e a gastar.

Basicamente tive que criar um orçamento.

Eu sei que quero ser financeiramente independente antes dos 40 anos de idade.

Mas como posso ganhar essa liberdade? Como posso ir de onde estou para onde quero estar?

Esse é a razão de um orçamento ser um instrumento tão importante. Para ir do ponto A para o ponto B, você deve primeiro organizar um roteiro. É difícil irmos a algum lado sem antes sabermos onde estamos e para onde queremos ir.

O orçamento é uma peça fundamental na busca da independência financeira, uma vez que a taxa de poupança determina a velocidade a que vamos sair da rotina do trabalho e viver de uma renda passiva (se assim o desejarem).

Eu sei que vou ter que poupar pelo menos 30% do meu rendimento líquido se quiser ser financeiramente independente aos 40.

Comecei a rastrear todos os meus rendimentos e despesas.

Rapidamente descobri que estava a gastar muito mais dinheiro do que inicialmente estimava, mesmo depois de uma redução nas despesas. Havia uma fuga. E o meu navio estava a ficar à tona.

Esta é uma situação comum que imagino que a maioria das pessoas iriam encontrar se decidissem criar um orçamento hoje.

Ocorre-me que a maioria das pessoas não são muito boas a administrar dinheiro. Mas você pode reunir coragem e começar hoje a tomar as medidas necessárias para melhorar o seu relacionamento com o dinheiro. Essas mudanças vão surpreende-lo com os resultados.

Quando comecei a elaborar orçamentos, não sabia distinguir gastos necessários de luxos desnecessários. Embora tivesse consciência em reconhecer desperdício quando o encontrava. Mas não conseguia calcular o custo desse desperdício a longo prazo.

Parecem contas simples à partida. Se o meu objectivo é economizar 30% do meu rendimento liquido, simplesmente devo evitar que a minha despesa passe os 70% do meu rendimento liquido. Cada euro extra desperdiçado irá impedir a realização desse objectivo.

Se eu ganhar 5000 euros e gastar 4000 terei que descobrir uma forma de cortar pelo menos 500 euros no meu orçamento, a fim de obter uma taxa de poupança de 30%. A minha atitude inicial em relação às despesas era um pouco simplista. Estava a tentar obter uma taxa de poupança tão alta quanto possível.

Olhar para a minha despesa apenas através do aumento ou diminuição da minha taxa de poupança, acelerando ou retardando a minha jornada para a independência financeira não me permitia ver o verdadeiro custo das despesas.

Hoje em dia quando olho para cada despesa consigo encontrar uma forma mais precisa de julgar o seu verdadeiro custo.

Na minha opinião, o verdadeiro custo das despesas é igual ao capital necessário para gerar renda passiva necessária para cobrir essa despesa associada.

Vou mostrar como funciona.

Vamos imaginar que tenho 200 euros em excesso no meu orçamento. Ou seja, 200 euros por mês de "gordura" que não preciso gastar.

Quanto é 200 euros por mês? Será que isso é muito dinheiro?

Duzentos euros por mês é realmente muito dinheiro. Se você pretende viver de renda passiva, cada despesa terá que ser paga pela renda passiva gerada pela sua carteira de investimento.

O Fundo Liberdade gera mais de 2.000 euros por ano em renda passiva. Isto com um 60.000 euros de capital investido. O que dá um rendimento de 3,33%.

O rendimento da minha carteira oscila entre 3,3% e 3,4%. No entanto, o aumento dramático no preço das acções reduziu os seus rendimentos em dividendos. (O preço da acção e o seu rendimento de dividendo é inversamente correlacionado).

Para poder cobrir os €200 de despesa mensal preciso de ter investido aproximadamente €72.000 (com o rendimento actual da minha carteira).

Cheguei a este valor multiplicando 200 euros por 12, que equivale a um ano de despesa. Em seguida dividi o resultado 2.400 euros por 3,33% que é o rendimento passivo actual do meu portfólio.

Claro que podíamos aumentar este rendimento para 3,5% ou mesmo 4%, mas com os preços das acções tão altos (e rendimento de dividendos tão baixos) neste momento é muito dificil comprar acções com rendimento de dividendos de 4%.

Dito isto, eu tento apontar o rendimento da minha carteira de dividendos para 3,5%, acho que é atingível e fácil de manter ao longo dos anos.

Ao rendimento de dividendos actual (3,33%) o verdadeiro custo de uma despesa mensal de €200 é aproximadamente €72.000.

Quando descobri esta forma de calcular o verdadeiro custo percebi que as despesas mensais exigem enormes quantidades de capital investido para gerar renda passiva necessária para cobrir essas despesas. Tornou-se mais fácil começar a cortar gastos e viver significativamente abaixo das minhas possibilidades.

E nem custa assim tanto encontrar despesas mensais que cheguem aos €200 por mês. Algumas pessoas gastam isso com a mensalidade do telemóvel e serviço de Internet e TV por cabo.

Quando olho para as despesas através da lente "custo real" sou capaz de me perguntar honestamente se essa despesa em questão vale a pena a quantidade de capital que tem que ser investido a fim de cobrir esse custo base.

Se eu gastasse €200 por mês em "copos e mulheres" como insinuou o presidente do Eurogrupo Jeroen Dijsselbloem, eu teria que me perguntar se isso realmente vale os €72.000 que é o seu custo real.

Olhando as despesas desta forma percebi que cada euro de despesa não é apenas 1 euro. Esse euro é uma corrente no pé que exige uma base de capital subjacente bastante grande para que um dia me possa mover livremente sem o estorvo desse peso.

Cada euro mensal de despesa no meu orçamento requer uma base de capital subjacente de €363!

É assim que vejo hoje as minhas despesas. O "Verdadeiro Custo" de cada euro que adiciono ao meu orçamento mensal é na realidade €363, que é o capital necessário para gerar renda passiva suficiente para cobrir esse euro de despesa.

Eu recomendo que faça um exercício semelhante com a sua carteira e despesas, para descobrir quanto rendimento o seu portfólio está a gerar e em seguida compare isso com as suas despesas.

Isso vai ajuda-lo a colocar as coisas em perspectiva, dando-lhe motivação extra para cortar qualquer gordura desnecessária.

*O que você acha? Já tinha pensado em olhar para as suas despesas desta forma?
*
Obrigado pela leitura