Brexit: Já não passámos por isto antes?

Brexit: Já não passámos por isto antes?

O Reino Unido deixou a União Europeia. As manchetes dos jornais fazem parecer que toda a ilha mergulhou no oceano como se este evento se tratasse de uma catástrofe para a Europa e o resto do mundo.

O Brexit não é um assunto que diz respeito apenas aos britânicos. O Reino Unido tem laços comerciais em todo o mundo.

Se o Reino Unido atravessa um momento atribulado auto-induzido, isso significa que a maioria dos países que tem laços comerciais com o Reino Unido também vão ser afectados.

É por isso que o S&P 500 caiu na sexta-feira 3% na sequencia da votação do Brexit.

Será que a resposta dos mercados à decisão dos britânicos foi um pouco exagerada?

A realidade do Brexit

O Brexit não necessita de um segundo referendo. O que precisa de ficar claro é que não estamos perante um evento equivalente à crise dos empréstimos subprime de 2008. Onde ninguém se importava ou acreditava que a economia mundial estava prestes a colapsar, mesmo quando os sinais eram claros.
Uma vez que começou, estávamos impotentes para travar a recessão.

O Brexit, em contraste é bem mais fácil de gerir.

Em primeiro lugar a liderança económica do país tem pelo menos dois anos para elaborar novos acordos comerciais. Já que os acordos orientados às regras da União Europeia deixam de ser aplicados.

E estes novos acordos são o ponto mais critico a que os investidores devem ficar atentos. Goldman Sachs recentemente apontou que no comercio total realizado pelas empresas do FTSE 100, 80% é realizado com parceiros estrangeiros.

O Brexit não vai afectar todas essas parcerias. Vários parceiros vão continuar a precisar dos produtos e serviços provenientes do Reino Unido. A diferença é que as parcerias vão ser realizadas fora da supervisão e mandato da União Europeia.

Alguns acordos não vão ser renovados. Algumas parcerias serão perdidas para sempre. Mas isso não é necessariamente mau.

A Grã-Bretanha tem desenvolvido uma quantidade significativa de desequilíbrio comercial. Durante os primeiros quatro meses do ano, as importações da Grã-Bretanha excederam as suas exportações cerca de £13,3 mil milhões. E esse número está a ficar maior.

Ao deixar a União Europeia, o Reino Unido pode ditar os seus próprios acordos e rejeitar aqueles que não gosta. Isto é chamado o comercio livre que é um desdobramento do capitalismo que tende a ter vantagens para o país.

Quanto menor for interferência nos laços comerciais melhor e mais fácil se fazem negócios entre países.

Esta liberdade de negociação terá benefícios a favor da Grã-Bretanha.

Por muito que os países membros da União Europeia queiram acreditar que vários países podem compartilhar uma economia mantendo ao mesmo tempo as suas respectivas fronteiras, e que uma moeda comum pode funcionar ao mesmo tempo que a maioria dos países mantém a sua moeda nacional.

A realidade é que cada nação membro da União Europeia tem a sua própria política económica, fiscal e comercial. No entanto, cada membro da União Europeia também está sujeito a normas e exigências do bloco. E grande parte é forçada a realizar trocas comerciais em Euro, mesmo que o Euro tenha um valor relativamente diferente de um país para o outro. A sobreposição nunca funcionou muito bem, mas a sua ligação intrincada torna-se cada vez mais difícil nos últimos tempos.

A União Europeia tinha um principio nobre quando foi criada, mas o seu colar apertado sufocou o crescimento económico em vez de o encorajar.

Conclusão

Independentemente de toda a postura politica que já vimos e o resto que está para vir, a realidade é que apesar de muitos observadores terem presumido que o que se perdeu com a saída da Grã-Bretanha da União Europeia jamais será reposto, isto não é verdade. O capitalismo sempre encontra uma forma de comércio. Aconteceu antes existência da União Europeia e irá acontecer depois da União Europeia caso esta desapareça.

O Brexit não vai arrasar com o Reino Unido, nem a economia mundial, tal como a fusão nuclear de Fukishima não o fez, nem os primeiros testes de mísseis da Coreia do Norte, nem a gripe suína ou dezenas de outros cenários horríveis que também supostamente iriam desencadear recessões económicas.

Irá criar alguma volatilidade. Na realidade já a vez. A libra britânica caiu entre 4% e 8% em comparação com o resto das moedas. Esta queda já fez com os produtos e serviço do Reino Unido fiquem mais acessíveis de 4% a 8% a potenciais parceiros comerciais.

As empresas britânicas não vão encerrar as suas actividades e a economia britânica continuará a funcionar. Como sempre o fez.