Fundo Liberdade - Dezembro 2016

Warren Buffet vive na mesma casa que comprou em 1958 por $31.500.

Tony Hsieh vive numa rulote num parque de campismo.

Mark Zuckerberg dirige um Volkswagen GTI.

Quando lia sobre milionários ou bilionários que adoptaram estilos de vida frugais não conseguia perceber o motivo que os levava a adoptar esse estilo de vida.

Com tanto dinheiro suficiente para viver várias vidas, porque razão estão a viver abaixo das suas possibilidades?

Será que o objectivo destas pessoas é construir riqueza e renda passiva para que possam ser livres e fazerem o que querem, quando querem?

A resposta à segunda pergunta é um sim retumbante.

Mas essa resposta não invalida a ideia de viver substancialmente abaixo das suas capacidades proposta na primeira pergunta.

É possível adoptar um estilo de vida frugal e ao mesmo tempo manter um bom padrão de vida. Os dois não são mutuamente exclusivos.

E foi isso que me custou um pouco a entender.

Acredito que aqueles que realmente dominam este conceito conseguem encontrar um ponto de equilíbrio onde o dinheiro e a felicidade se entrelaçam.

A felicidade não é proporcional à quantidade de dinheiro que você gasta uma vez que tenha as suas necessidades básicas cobertas.

Só porque está numa posição de poder queimar €100, €10.000 ou €1.000.000 isso não quer dizer que faça.

Viver frugalmente é simplesmente a capacidade de conseguir distinguir o que realmente é importante do opcional. Frugalidade é um estilo de vida holístico com o objectivo de maximizar a felicidade, o propósito e o valor.

Enquanto a sociedade aparenta uma noção de que a frugalidade consiste no deterioramento da felicidade, eu acredito no inverso. Eu acho que a frugalidade é a uma forma de limpar a desordem da mente e da vida para descobrir o que realmente é verdadeiro e fundamental.

As minhas despesas mensais em média pairam em torno dos €3.250 actualmente. Posso gastar mais? Sem dúvida. Neste momento ainda estou longe de conseguir cobrir as minhas despesas pessoais com a renda passiva. Mas acredito que um dia seja possível.

Mas porque o faria? Porque deveria gastar mais dinheiro?

No passado costumava gastar muito mais dinheiro do que hoje. E não era mais feliz por isso. Foi este sentimento de correr numa esteira cada vez mais rápido e não chegar a nenhum lado que me levou a esta ideia de adoptar um estilo de vida frugal.

Tudo se resume ao valor. Quando comecei a cortar a gordura do meu orçamento, comecei a distinguir o que tem valor do que não tem.

Actualmente o que valorizo não custa muito dinheiro. Por outro lado, o que não valorizo tende a custar muito dinheiro.

Este é um processo de pensamento que assumo cada vez que tenho necessidade de gastar dinheiro.

O que valorizo? O que é importante para mim? Será que vale a pena? Isto vai impactar positivamente a minha felicidade?

Os bilionários que usei como exemplo anteriormente descobriram o que valorizavam na vida e concentraram os seus recursos nessas coisas.

Warren Buffet não valoriza brinquedos caros (como iates e carros de luxo). Ele valoriza a empresa que construiu e passa muito tempo a gerir a Berkshire Hathaway. Ele também vê valor na filantropia, razão pela qual doou 99% da sua riqueza (durante a sua vida). Ele é realmente uma força importante por trás da organização The Giving Pledge que encoraja os indivíduos mais ricos do mundo a dedicar a maior parte da sua riqueza à filantropia.

Tony Hsieh tem o sonho de tornar a cidade de Las Vegas (especialmente o centro de Las Vegas) num lugar melhor para se viver, trabalhar e brincar. Sendo assim, ele decidiu gastar os seus recursos (tempo, dinheiro, criatividade e energia) em projectos relacionados com o seu sonho. E não há dúvida que ele está por trás de algumas das maiores transformações na cidade de Las Vegas.

Mark Zuckerberg obviamente tem uma paixão por redes sociais, empreendedorismo e em executar o seu negócio. Mas apesar destas paixões lhe terem gerado milhões e milhões de dólares isto não significa que deve gastar esta fortuna imprudentemente sem um processo de pensamento de análise de valor. Ele vive numa modesta casa dentro dos padrões do Palo Alto e conduz um carro modesto. Ele também faz parte da organização The Giving Pledge onde Zuckerberg vai doar 99% das suas acções da Facebook durante o curso da sua vida.

Estes indivíduos extremamente ricos decidiram abordar cuidadosamente a forma como gastam dinheiro no que realmente valorizam nas suas vidas.

Não só não gastam dinheiro em coisas que não valorizam, o dinheiro não desperdiçado por ser usado para melhorar a sociedade. Desperdiçar dinheiro é uma distracção desnecessária.

A frugalidade é olhada ocasionalmente como uma palavra má, como um mal necessário na vida a fim de conseguir atingir determinados objectivos financeiros. É um meio para um fim.

Eu não acredito nisso. O dinheiro é um meio para um fim, mas a frugalidade não é um mal necessário. A frugalidade é um subproduto natural de se concentrar no valor em diversos aspectos da vida. É uma manifestação de estilo de vida holístico que é personalizado e afinado de forma maximizar a felicidade.

A importância de se concentrar no valor em relação ao preço que estou a pagar é um conceito intuitivo que se tornou obvio quando comecei a comprar acções.

Quando comecei a investir não demorou muito para perceber que tinha que comprar acções a um valor inferior do que elas valem e só deveria comprar acções de empresas de alta qualidade quando estas se encontram subvalorizadas. Dessa forma posso maximizar o rendimento a longo prazo e ao mesmo tempo minimizar o risco. Porque pagar 50 por algo que vale 40 quando passo pagar 20 por algo que vale 30?

Este processo de pensamento pode ser aplicado em várias situações na nossa vida. Este bife vale realmente 100 euros? Vale a pena comprar um carro que atinge 300 Km/h quando o limite de velocidade é 120 km/h? E assim por diante.

Uma vez que consegue aplicar este processo a diferentes aspectos na sua vida, você naturalmente começa a descobrir que muitos objectos e experiências estão sobrevalorizados em relação ao que eles realmente valem para si.

Enquanto a sociedade parece acreditar que nada é realmente caro uma vez que você tenha dinheiro para adquirir esse bem ou experiência (ou seja, você deve gastar tudo o que tem), o valor tornou-se num orientador de decisões em todos os aspectos da vida.

Uma vez que compreendida, a frugalidade é um subproduto natural. Um ciclo que se alimenta organicamente a si mesmo. E podemos comprovar isso olhando para o fundo liberdade.

O fundo liberdade tem vindo a crescer alimentando-se organicamente a si mesmo.

Movimentos

Data Tipo Ticker Empresa Quantidade Custo Motivo
15-11-2016 Venda NYSE:HFC HollyFrontier Corporation 25 $27,20 Redução de exposição
15-11-2016 Compra NYSE:HCN Welltower Inc 20 $63,50 Subvalorizada, nova posição
16-11-2016 Compra STO:MIC-SDB Millicom International Cellular SA 30 SEK368,50 Subvalorizada, nova posição
16-11-2016 Venda NYSE:DIS The Walt Disney Company 10 $98,50 Redução de exposição
17-11-2016 Compra AMS:AMG Advanced Metallurgical Group 100 €16,70 Subvalorizada, re-entrada
29-11-2016 Venda ELI:COR Corticeira Amorim 200 €8,101 Sobrevalorizada, saída
29-11-2016 Compra BME:TEF Telefonica SA 200 €7,85 Subvalorizada, nova posição
07-12-2016 Venda AMS:ARCAD Arcadis 80 €12,415 Sobrevalorizada, saída
08-12-2016 Compra VTX:NOVN Novartis AG 25 CHF68 Subvalorizada, nova posição

O valor de mercado actual do Fundo Liberdade é de €57.182,21.

O fundo liberdade é hoje composto por 36 posições em 10 sectores.

O mês de Novembro foi excelente, o fundo liberdade valorizou 9% desde a última actualização no dia 12 de Novembro.

Estar numa posição de fazer decisões não baseadas no dinheiro, mas sim na busca da felicidade é na minha opinião uma maneira maravilhosa de abordar a vida.
Descobri que não penso em dinheiro quando tomo decisões mas sim no quanto essa decisão me faz feliz. E acontece que o que me faz feliz não custa dinheiro. É um ciclo virtuoso que se alimenta a si próprio.

O que você acha? Ser frugal é procurar valor sobre o preço? Você gostaria mais dinheiro se tivesse acesso a uma fortuna ilimitada?

Obrigado pela leitura